Este post cruzou-se com o meu sobre a descendência de Carlota Joaquina, desta vez sobre D.Maria Teresa.
Algumas fotos em comum. Great minds think alike

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Quanto ao casamento de D.Miguel com D.Adelaide, há um véu de obscuridade quanto ao
modo como se conheceram e ele foi parar à relativamente obscura casa de Loewenstein.
Apesar de constituirem um ramo da casa de Wittelsbach, um casamento morganático ditou o seu "apagamento social" e, durante vários séculos, casaram com casas menos proeminentes do império.
Não há fontes seguras como D.Miguel se terá cruzado com D.Adelaide ou como terá sido empurrado para aquela Casa, para além do facto de ser uma Casa extremamente católica praticante.
Um cínico diria que o facto de ser uma família bastante afortunada, terá ajudado
D.Miguel tinha procurado noivas em casas mais distinguidas, como a Casa de Este, mas os projectos frustraram-se.
Ele era um ex-rei, exilado e sem fortuna pessoal e sem perspectivas de retomar o trono - não era propriamente considerado um bom partido.
O facto é que, apesar da diferença cultural e da diferença de idades, o casamento resultou plenamente, quer no plano pessoal, quer no plano dinástico.
Os seus partidários, que viam D.Miguel chegar quase aos 50 anos, solteiro e sem descendência legítima, preocupados com a sobrevivência da linha miguelista, puderam descansar com a prole que D.Adelaide facultou, um único varão e seis filhas.
Durou 15 anos o casamento, tendo D.Miguel falecido em 14.11.1866, quando D.Adelaide contava apenas 35 anos.
D.Adelaide consagrou-se a minorar as dificuldades e agruras que uma vida de exílio tinha imposto a D.Miguel e a educar primorosamente os filhos.
À deputação de legitimistas portugueses que se dirigiram a Bronnbach para assistir ao funeral do Rei, D.Adelaide apresentou o único filho varão dizendo:
"Aqui vos apresento o meu filho, a quem todos os dias digo que, primeiro que tudo, seja um verdadeiro católico, e logo depois, tão português como o foi seu Pai.
Toda a minha vida será sempre dedicada à educação de meus filhos, que será sempre a mais desvelada, a mais católica e a mais portuguesa".
Profundamente católica, teve alguns escrúpulos e começou por se opôr ao casamento da filha Maria Ana com o protestante príncipe-herdeiro Guilherme do Luxemburgo, que acabou por aceitar, depois de convencida pelo Papa, em função das normas que ditaram aquele casamento.
Vendo os seus filhos educados e bem casados, recolheu-se à religião professando na Ordem Beneditina em Solesmes em 1897.
Mais tarde recolheu-se ao Mosteiro de Santa Cecilia de Cowes na Ilha de Wight, onde a sua presença não passou desapercebida à família real inglesa que aí veraneava para as célebres regatas.
Não obstante a amizade entre o casal D.Carlos e D.Amélia com Eduardo VII e Alexandra, é sabido que esta visitou algumas vezes D.Adelaide em Cowes.
Não deixa de ser extraordinário, e dificilmente explicável, que uma princesa de uma pequena casa principesca, rainha-viúva de um país que nunca conheceu, viúva de um Rei desterrado e pobre, tenha conseguido casar tão bem as filhas com membros mais destacados da realeza da altura, nomeadamente com o irmão do próprio imperador austríaco e o irmão da imperatriz.
E tudo isto sem bulir as relações diplomáticas existentes entre esses países e Portugal onde reinava o ramo dos Bragança-Saxe-Coburgo-Gotha.