Um projecto de casamento pouco conhecido e tratado com o mais alto secretismo.

D.Pedro II era bastante próximo da família europeia e, de entre estes, da família de sua irmã D.Maria II.
Antes da desgraça que se abateu sobre os Bragança-Saxe-Coburgo em 1861, a família contava com muitos varões (1) o Rei D.Pedro V

, D.Luis duque do Porto, D.João duque de Beja, D.Fernando e D.Augusto.

O primeiro candidato à mão da Princesa-herdeira Isabel foi precisamente D.Luis duque do Porto.
As negociações mantiveram-se secretas, pois tal casamento implicava que D.Luis partisse para o Brasil para ser Imperador-consorte.
O plano tinha tudo para dar ... errado.
Para os brasileiros (ainda) recentemente emancipados de Portugal, seria mal-visto ver um príncipe português subir ao trono da jovem nação, e, como se considerava na época, ser o verdadeiro poder por trás do trono.
Note-se que os brasileiros nunca simpatizaram com o conde d'Eu que consideravam tinha uma má influência sobre a princesa Isabel !

D.Fernando II, na altura já afastado de Príncipe Regente pela maioridade de D.Pedro V, soube acidentalmente do projecto e compreendeu imediatamente o alcance de tal aliança, os perigos e dissabores que ele representava para o filho e desaprovou-o abertamente, mesmo sabendo que D.Pedro V ponderava aceitá-lo.
Uma palavra aqui, uma palavra ali, acabou por "pôr a boca no trombone" e tornou público o que se tratava com tanto secretismo, entrando em choque, uma vez mais, com o filho primogénito e comprometendo definitivamente o projecto.
Não se sabe qual a posição de D.Luis neste consórcio, ou até se, na altura em que foi tornado público, se tinha tido conhecimento do mesmo.
O resto é conhecido.
O noivo foi descartado e substituido por Augusto de Saxe-Coburgo-Gotha, que se deslocara ao Brasil com o primo Gastão d'Orléans conde d'Eu.
Quando viram as duas irmãs, Augusto escolheu a mais nova, Leopoldina e a Gastão saiu-lhe o jackpot, a princesa-herdeira Isabel.
Por outro lado, a morte de D.Pedro V, sem filhos, em 1861, chamou ao trono D.Luis, o príncipe-herdeiro, evitando-se uma situação constrangedora e complicada se aquele tivesse casado com a herdeira do Brasil.